Carta para o meu eu aos 15 anos

O ano era 1994, e as maiores preocupações na vida eram as notas no colégio, arranjar carona com os pais de alguma colega para o show de axé que ia ter no fim de semana, rezar para o ônibus não atrasar e chegar no horário na aula de inglês, brincar com o sobrinho de quatro anos e reclamar enquanto eu tentava estudar e ele assistia O Rei Leão pela milésima vez. A solução de muitos perrengues para uma adolescente de 15 anos estava nas páginas da Capricho e da Atrevida, que eu devorava em uma tarde. O tempo que passou não volta mais, mas se eu tivesse a chance de escrever uma carta para o meu eu aos 15 anos, eu daria alguns conselhos.

+ Você já controlou sua ansiedade hoje?
+ Sejamos luz

15 anos
Na época em que a maior das preocupações era tirar boas notas.
Carta para o meu eu: conselhos da Ana Lu dos 38 para a dos 15 anos

1. Aproveite a escola. Eu mal via a hora de acabar a escola, começar a faculdade e ser alguém na vida. Escola era sinônimo de pressão, e eu sempre odiei estudar por obrigação. Passava horas e horas lendo livros na biblioteca para não ter que encarar uma aula de química! Abrir o livro de física e ver aquelas informações embaralhadas e que não faziam o menor sentido era uma tormenta. Hoje eu diria para o meu eu de 15 anos aproveitar mais o intervalo com os colegas e para me esforçar na medida do possível, mas sem enlouquecer ou perder a paz por não estar 100% afiada para a prova de matemática.

2. Aos 20 anos você não vai estar com a vida feita. Engraçado que aos 15 anos eu achava que quando chegasse aos 20 já estaria encaminhada na faculdade, trabalhando e, possivelmente, casada e com filhos. Ainda bem que esse pensamento não foi encarado com meta de vida, do contrário meu eu de 15 iria se decepcionar ao me ver hoje, aos 38, sem uma carreira definida (uma “faz-tudo” feliz!), sendo mãe só aos 34 e seguindo o fluxo para o futuro.

3. Você não vai ficar sozinha (e se ficar, tudo bem!). Muitas meninas da minha escola já namoravam sério aos 15 anos, e eu nessa idade ficava naquelas paquerinhas inocentes. Se aos 15, 16, 17 eu não tinha um namorado, quais eram as chances de não conseguir arranjar ninguém para a vida? Essa possibilidade me aterrorizava! Hoje vejo que esse medo de ficar sozinha não faz o menor sentido, não só por ser casada e ter alguém ao meu lado, e sim por não ver problema algum em estar só. Complementando o conselho, eu diria para meu eu adolescente: seja você mesma a sua melhor companhia.

4. Você vai fazer intercâmbio. Desde os 13 anos eu sonhava em fazer intercâmbio, em ter a chance de morar em outro país. Naquela época não existiam tantas opções de países e de cursos como há hoje, muito menos a mesma facilidade. Entre os 14 e os 16 anos devo ter feito uns quatro testes para me qualificar para estudar fora – passei em todos! O problema era que o teste era válido por um determinado período (seis meses, se não me engano), e se você não desse entrada na documentação dentro daquele período, precisava fazer outro teste, e o limite de idade para estudantes de high school era 17 anos. Cada teste que eu fazia, minha ansiedade ia aumentando por não saber se meu pai finalmente me deixaria ir. Aos 45 do segundo tempo, já com 17 anos e com o apoio de toda a minha família, meu pai foi convencido e eu parti para uma temporada de um semestre em Ohio. O limite foi tamanho que comemorei meus 18 anos lá – mais um semestre e eu não teria conseguido.

5. Você é linda! A ditadura dos padrões de beleza não mudou muito daquele tempo para cá. A diferença é que naquela época não existiam redes sociais e essa superexposição de egos baseados na aparência. Ainda bem! Ana Paula Arósio e Luana Piovanni ilustravam os editoriais das revistas adolescentes, e eu já me sentia feia porque nem de longe seguia aquele padrão, e nem fazia parte do time das meninas mais bonitas da escola. Colocar um biquíni? Nem pensar! Além de só usar maiô, quando ia tomar banho de piscina na casa de uma amiga eu ainda colocava uma camiseta por cima, e olha que devia pesar uns 50 quilos na época. Independente do peso ou dos padrões, hoje eu diria para aquela adolescente de 15 anos deixar de bobagem e colocar um biquíni para ir à praia. E diria para ela se olhar no espelho e repetir 10 vezes por dia: você é linda!

+ Mães (im)perfeitas
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garota 15 anos

Este post faz parte de uma blogagem coletiva do grupo #blogosferamaisunida, e outras meninas escreveram cartas lindíssimas:

Crédito das imagens: Shutterstock

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10 comments Add yours
  1. Adorei as lições. É isso aí…como adolescentes temos pressa de muita coisa, as coisas são urgentes e algumas coisas se não forem feitas nessa fase não serão feitas mais – que diga o seu intercâmbio. Sensações com namoro, corpo, escola..acho que todos nós tivemos algo assim. Ah os 15 anos…na prática vemos que ele não é nada romantizado.

    bjs
    http://www.blogdapriscilla.com

  2. Ana sua linda!
    Conselhos divinos estes, como queria ter recebidos alguns na época, como vemos que éramos bobas né!
    Adorei fazer o post!

    Beijos

  3. Oi, Ana! Saudade de passar por aqui! Com essa coisa de instagram acabei me afastando bastante da blogosfera mas estou voltando aos pouquinhos :) Vi esse post e me identifiquei bastante com vários dos conselhos que você daria para seu eu de quinze anos de idade. O único que não bateu foi o do intercâmbio. Nesse caso o meu conselho seria diferente porque eu era uma adolescente que morria de medo de sair do país sozinha e eu achava naquela época que viagens para o exterior simplesmente não eram para mim, como se fosse uma realidade muito distante da minha. Então, diria para meu eu adolescente para ter coragem de bater suas asas e aproveitar ao máximo todas oportunidades. Não só aproveitá-las, mas também fazê-las acontecer. Mas também não me arrependo porque penso que foi o caminho que segui que me fez ter a vida que tenho hoje, pela qual sou muito grata. Mesmo só tendo viajado para fora do país uma vez e tudo parecendo muito complicado às vezes… Bjão pra ti!

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