Copa das Meninas – campanha contra o turismo sexual

Faz um tempinho, mas não tanto assim. Eu ainda morava em Natal e adorava ir para um barzinho na praia com minhas amigas. Batíamos ponto, toda quinta-feira estávamos por lá naquela mesa enorme de mulheres falando pelos cotovelos. Era aquela barulheira alegre típica de um bar frequentado por jovens. Era! Até o dia em que recebemos olhares maliciosos de uns gringos que estavam por lá e aquilo bastou para nunca mais voltamos ao bar. Não estávamos de roupas decotadas, nem com atitudes insinuantes. Longe de haver um estereótipo, garotas de programa não tinham um crachá determinando sua função, podia ser qualquer garota, até mesmo crianças aliciadas por adultos de má fé. Deixamos de frequentar o bar porque não queríamos ser confundidas, mas termos nos distanciado do ambiente não fez com que o problema fosse erradicado.

Agora, faltando um mês para a Copa do Mundo, a quantidade de turistas que o Brasil receberá nos próximos meses fazem a preocupação com o turismo mal intencionado voltar à tona.  Para tentar combater a violência sexual contra crianças e adolescentes, a Plan International Brasil, organização não-governamental de desenvolvimento, lançou a campanha em que convoca a todos torcedores, brasileiros e estrangeiros, a não desviarem o olhar para essa atitude. A campanha “Copa das Meninas” tem como objetivo alertar a população sobre a situação da proteção infantil durante a Copa do Mundo e conscientizar turistas sobre o aumento da exposição e vulnerabilidade de crianças e adolescentes a situações de violência.

A Plan espera atingir não só o público brasileiro, como também turistas que participarão do evento, provocando uma reflexão e ações de denúncia através do Disque 100, principal canal de comunicação da Ouvidoria sobre Direitos Humanos – serviço de atendimento telefônico gratuito, que funciona 24 horas por dia, nos 7 dias da semana. Os materiais também serão adaptados para outras línguas, numa articulação em que a Plan International, presente em 69 países, divulgará a campanha em mídias internacionais, sobretudo dos países que participam do torneio.

No hotsite da campanha, interessados também poderão fazer doações – nos valores de R$ 25,00, R$ 50,00 ou R$ 100,00 – que serão aplicadas em projetos que têm o objetivo de capacitar e empoderar crianças, adolescentes e suas comunidades para que adquiram competências e habilidades que os ajudem a transformar suas realidades.  Todo o recurso arrecadado será integralmente revertido na expansão de três projetos já desenvolvidos no Brasil: “Futebol Feminino“, “Turismo e Proteção à Infância“ e “Soluções de Empregos para Jovens“.

A campanha nessa Copa vai muito além da busca da Seleção Brasileira pelo hexacampeonato. Vamos torcer pelo Brasil e contribuir para a Copa das Meninas!

Comentários do Facebook
Compartilhe:
4 comments Add yours
  1. Oi Ana Lu!
    Quando meu pai morava em Fortaleza a trabalho, eu via inúmeras demonstrações destas. Graças a Deus não vi nenhuma criança nesse tipo de “serviço”. Ou seria, uma pena por não denunciar? Principalmente que naquela época, minha mãe era conselheira do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA) da cidade onde moramos em São Paulo. Eu realmente espero que os estrangeiros que farão turismo durante o Mundial e os nacionais tenham um senso de dever moral e impeçam que a prática aumente. Pq, infelizmente o “turismo sexual” ou “qualquer ato que utilize o sexo como forma de pagamento não consensual” com menores e jovens “escravas” (como as mulheres da novela Salve Jorge) é muito difícil de ser erradicado.
    Beijos!

  2. Atitudes como essa fazem pelo menos a população (nacional e estrangeira) pensar. Isso é bom, só não sei até que ponto, visto que é sabido que existe um grupo enorme de turistas sexuais pro Brasil, especialmente Nordeste.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *