Abril é o mês da conscientização do autismo – mas o respeito deve durar o ano inteiro!

Estamos no mês de abril, conhecido pela conscientização do autismo. É uma época importante para ampliar o diálogo sobre o tema, mas precisamos lembrar: o respeito, a empatia e a inclusão das pessoas autistas devem ser uma prática contínua, todos os dias do ano.

Foi pensando nisso, e na convivência com crianças no Transtorno do Espectro Autista (TEA), que pensei em escrever este artigo. Um conteúdo pensado para quem quer aprender como lidar com crianças autistas de forma respeitosa, mesmo para aqueles que não tem vivência direta com o autismo.

Como lidar com crianças autistas? Um miniguia empático para quem quer aprender

Antes de tudo gostaria de deixar claro algumas coisas: não sou profissional de saúde, não sou educadora, nem sou mãe de uma criança autista. Mas sou mãe. E sou amiga de mães que vivem essa realidade todos os dias. O que escrevo aqui é fruto da escuta, da observação, da vontade genuína de entender e apoiar.

Duas das melhores amigas de Luca são autistas. Uma, nível 1 de suporte, é a melhor amiga na escola. É com quem ele troca desenhos, apoio e muito carinho. A outra, nível 3 de suporte, é uma prima de coração, filha de amigos que temos como irmãos. A forma que ela demonstra carinho com Luca? Apertando ele! Às vezes machuca, mas ele entende (desde sempre) que, embora essa demonstração seja diferente do que chamaríamos de convencional, ainda assim é amor.

Dito isso, não levem o conteúdo deste texto como um manual com regras absolutas. O que quero deixar aqui é um convite à reflexão, um miniguia empático para quem deseja aprender como lidar com o autismo com mais cuidado e menos medo de errar.

O que é o autismo? Entendendo o básico sobre o TEA

Antes de pensar como lidar com crianças com autismo, é importante entender o que é o Transtorno do Espectro Autista. O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, geralmente identificado nos primeiros anos de vida. Ele afeta a forma como a pessoa se comunica, interage socialmente e se comporta. Não há características físicas visíveis que identifiquem o TEA, os sinais são percebidos no comportamento e na interação.

Cada pessoa no espectro é única. Algumas têm dificuldade de comunicação verbal, outras apresentam hipersensibilidade a estímulos como sons ou luz. Algumas preferem rotina, outras se expressam de forma diferente. Por isso, é chamado de “espectro”, ou seja, há uma grande variação entre os casos.

Termos corretos: como se referir a uma criança com autismo?

Uma das dúvidas mais comuns de quem deseja se comunicar com respeito é: qual a forma certa de falar sobre o autismo?

“Devo dizer criança autista ou portadora de autismo?”
“É errado usar o termo ‘especial’?”
“O autismo é considerado uma doença?”

Esses questionamentos revelam algo muito importante: a vontade genuína de acertar. E só isso já é um excelente começo! De forma geral, as expressões mais adequadas são “criança autista” ou “pessoa autista”. O advogado Robson Menezes, pai atípico e ativista pela causa, explica por que termos como “portador de autismo” não são corretos: “A gente porta um objeto, algo que se carrega; o autismo não é algo que se tira ou se coloca. A pessoa é autista, o diagnóstico faz parte de quem ela é”, resume.

Já o termo “especial” não deve ser usado para se referir a pessoas com deficiência. Apesar de ter sido muito usado no passado com a intenção de suavizar ou amenizar, ele é genérico, impreciso e, hoje, considerado capacitista. Pessoas com deficiência são pessoas com direitos, não seres “diferentes” que devem ser colocados em um pedestal simbólico.

Evite também expressões como:

  • “Sofre de autismo” (autismo não é um sofrimento, é uma forma diferente de perceber e se relacionar com o mundo)

E vale sempre lembrar: autismo não é doença. É uma condição neurológica, parte da diversidade humana.

Autismo não é doença, e muito menos xingamento

Ainda hoje, infelizmente, há quem use o termo “autista” como forma de ofensa. Isso é inaceitável. O autismo não é um defeito. Não é uma falha. E muito menos um adjetivo pejorativo.

Frases como “parece um autista” são extremamente capacitistas e reforçam preconceitos que só afastam e machucam. Precisamos parar de tratar o diferente como errado. O respeito começa pelas palavras que usamos, especialmente quando as crianças estão ouvindo.

Como incentivar seu filho a brincar com uma criança autista?

Se você é mãe ou pai de uma criança neurotípica (ou seja, sem diagnóstico de autismo ou outra neurodivergência), talvez já tenha se perguntado como agir quando seu filho encontra uma criança autista. A resposta é simples: com respeito, assim como brincaria com qualquer outra.

Algumas crianças autistas podem não gostar de muito barulho, podem evitar contato visual ou não responder como o esperado. Outras são extremamente comunicativas, mas têm interesses restritos ou formas próprias de se expressar. Tudo isso é natural.

Explique ao seu filho que cada pessoa é diferente, e tudo bem. Incentive a empatia, o acolhimento e a paciência. Ensine que incluir é mais do que permitir que o outro brinque, é fazer com que ele se sinta parte da brincadeira.

Conscientização do autismo: o compromisso é diário

Aprender como lidar com crianças autistas é um processo contínuo. Envolve empatia, escuta e disposição para ajustar falas e atitudes. Se você chegou até aqui, parabéns. Isso já mostra que você está no caminho certo.

Que abril nos lembre da importância da conscientização, mas que o respeito ao autismo seja um compromisso diário.

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