Parece que foi ontem que celebramos as conquistas de ouro e prata para o Brasil, mas foi em Atlanta, em 1996, que Sandra Pires e Jackie Silva, juntamente com Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, colocaram a bandeira brasileira no pódio do vôlei de praia. Em tempos mais recentes, em meio a uma pandemia, pudemos ouvir Everaldo Marques gritar “Rayssa Leal, você é ridícula!” quando nossa “Fadinha” trouxe a medalha do skate para o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Seja com Sandra, Jackie ou Rayssa, as mulheres brasileiras nas Olimpíadas têm feito história, e o futuro promete ainda mais conquistas!
Neste ano de 2024, enquanto as Olimpíadas de Paris já estão a todo vapor, temos mais um motivo para comemorar: pela primeira vez na história, o número de atletas mulheres é compatível com o número de atletas do sexo masculino. O Comitê Olímpico Internacional (COI) determinou que as vagas fossem preenchidas por 5.250 mulheres e 5.250 homens; na delegação brasileira, o quadro é composto por 154 mulheres e 123 homens.
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O pioneirismo das mulheres brasileiras nas Olimpíadas
Se hoje celebramos mulheres como Sandra, Jackie, Rayssa, Ana Marcela, Rebecca, Daiane, Martine, Kahena e tantas outras que exibiram um cordão com um medalhão de ouro, prata ou bronze em volta do pescoço é porque, em algum momento do passado, uma mulher pavimentou esse caminho.
A jornada das mulheres brasileiras nas Olimpíadas começou em 1932, com a participação de Maria Lenk nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Maria foi a primeira mulher sul-americana a competir em uma Olimpíada, abrindo o portão para o caminho de tijolinhos, nem sempre dourados. Lenk competiu na natação, e embora não tenha conquistado medalhas, sua participação foi fundamental para quebrar barreiras e incentivar a presença feminina no esporte de alto nível.
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Brasil conquista primeira medalha feminina em dose dupla
Apesar do caminho para as atletas brasleiras ter sido aberto por Maria Lenk em 1932, foi preciso esperar até 1996 para que o Brasil celebrasse sua primeira medalha olímpica feminina. E essa conquista foi em dose dupla! Em Atlanta, Jacqueline Silva e Sandra Pires fizeram história ao conquistar a medalha de ouro no vôlei de praia. Como se a conquista do ouro da dupla não fosse o bastante, a prata também ficou para o Brasil, com Adriana Samuel e Mônica Rodrigues do outro lado da quadra.
Estas conquistas não só representaram um marco para o esporte brasileiro, mas também evidenciou o talento e a dedicação das mulheres atletas do país. O sucesso de Jackie/Sandra e Adriana/Mônica consolidou o Brasil como uma potência no vôlei de praia.
Nessa mesma edição das Olimpíadas, o Brasil também conquistou a medalha de prata no basquete feminino, em um time liderado pela rainha Hortência, e bronze no vôlei feminino, em um time icônico que levou para as quadras Ana Moser, Fernanda Venturini, Márcia Fu, Virna e tantas outras que inspiraram as vitoriosas gerações que vieram a seguir.
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A corrida individual para o ouro
Conseguir o primeiro ouro feminino individual foi uma corrida. Literalmente! Em 2008, nos Jogos Olímpicos de Pequim, Maurren Maggi conquistou a primeira medalha de ouro individual feminina para o Brasil. Maurren brilhou no salto em distância, atingindo a marca de 7,04 metros.
Em uma entrevista ao GE em 2021, Maurren relembrou sua atuação em Pequim: “Na minha cabeça, ninguém me tirava aquela medalha, ela era minha. Eu sabia que tinha que fazer o primeiro salto para assustar um monte de adversárias, porque tinham adversárias ali que iam saltar facilmente sete metros. E eu só ia assustar algumas delas assim e mostrar confiança vibrando bastante.”
A continuação dessa relato nós já conhecemos. E reluz como ouro!
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Uma coleção de medalhas
Dona de uma malemolência que só uma grande atleta tem, Rebeca Andrade fez história nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021, tornando-se a primeira brasileira a ganhar mais de uma medalha em uma única edição dos jogos.
Rebeca conquistou a medalha de ouro no salto e a prata no individual geral da ginástica artística. Seu desempenho excepcional não apenas trouxe orgulho ao Brasil, mas também destacou a força e a perseverança das mulheres brasileiras no esporte. Rebeca se tornou um ícone para jovens ginastas e uma inspiração para atletas de todas as modalidades.
Em Paris, Rebeca lidera o grupo de ginastas formado também por Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares, que chega à capital francesa com grandes chances de medalhas.
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Presente e futuro promissores
Tanto o presente quanto o futuro das mulheres brasileiras nas Olimpíadas são promissores. Com uma base sólida de talentos emergentes e um suporte crescente para o esporte feminino, o Brasil está preparado para continuar a brilhar no cenário olímpico.
Na esfera social, a participação e o sucesso das mulheres brasileiras nas Olimpíadas têm um impacto profundo. Cada medalha e cada vitória ajudam a quebrar estereótipos de gênero e a promover a igualdade.
As histórias de superação, dedicação e conquista dessas atletas servem como modelos para meninas e mulheres de todo o país, incentivando a prática esportiva e o empoderamento feminino. Que venham muitas medalhas, mas, acima de tudo, a consciência de igualdade.