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A importância do elogio para as crianças

Receber elogios é bom e todo mundo gosta, e com as crianças o sentimento de satisfação não é nem um pouco diferente do que nós, adultos, sentimentos ao ouvir palavras de encorajamento ou enaltecimento por alguma realização. Enquanto pais, precisamos entender a importância do elogio para as crianças e, ao mesmo tempo, saber dosar essa exaltação aos feitos dos nossos pequenos, compreendendo que os elogios não devem servir para inflar o ego ou incitar a importância da aparência física, e sim para estimular a criança a buscar sempre o melhor em suas aptidões, para desenvolver novas habilidades e para cultivar a empatia em vez da comparação.

Encontrar esse equilíbrio é um dos muitos dilemas da maternidade. Como balancear um comentário para que não soe como uma reação exagerada ao acontecimento? O que dizer para não passar a impressão de estar menosprezando a conquista?

Foto: KidStock / Getty Images

“Os comentários sobre o comportamento e as atitudes da criança devem ser sinceros e proporcionais”, explica a Dra. Gisela Monteiro, psicoterapeuta e autora do Falatório com Gisela. “Não há sentido em celebrar coisas corriqueiras, como colocar a roupa no cesto, e nem castigá-la por não fazer. O importante é ensinar as obrigações, acompanhar a realização dessas tarefas e fazer um elogio simples, do tipo ‘Muito bem, filho'”, explica. “O que pode gerar baixa autoestima não é deixar de elogiar uma conquista, mas deixar de dar atenção e cuidados devidos como um todo! Crianças com baixa autoestima costumam ser aquelas negligenciadas e abandonadas, desconsideradas repetidamente por longo tempo”.

A importância do elogio para as crianças: beleza x capacidade intelectual

Em tempos de alta exposição nas redes sociais e da expectativa por likes e elogios, nem as crianças estão livres da exaltação à beleza. Ainda que inconscientemente, é muito comum observar a sociedade resumindo todas as qualidades de uma pessoa apenas à aparência física. E por mais que por si só não seja um aspecto negativo, os elogios à beleza são inevitáveis.

Nesses casos, é importante tentar conduzir a criança desde cedo à compreensão de que ser bonita não é pecado, mas também não é o suficiente para ter sucesso na vida, e que ser bonita não garante status ou poder. Observar e elogiar outras competências e habilidades dentro de casa podem ajudar a equilibrar os comentários relacionados à aparência física que a criança costuma ouvir de parentes, amigos e até mesmo de estranhos na rua.

Elogio não é competição

Na maternidade, em maior ou menor intensidade, sempre nos deparamos com pais e mães competitivos (ou nos tornamos um deles), e esse tipo de comportamento pode acabar servindo de mal exemplo para os nossos pequenos e se estendendo para as outras crianças através da convivência.

+ Meu filho é melhor que o seu

Aqui em casa, com Luca, temos tentado prestar atenção aos elogios relacionados aos desenhos dele. Desde os 3 anos ele demonstra habilidade para desenhar e sempre elogiamos o resultado com comentários do tipo “Seu super-herói ficou muito bonito” ou “A cada dia seus desenhos estão ficando mais legais”, mas nunca comparando com o de outro amigo. Um dia ele mesmo tomou a iniciativa de perguntar quem desenhava melhor: ele ou o amiguinho João*. Uma pequena saia justa para nós, que não queríamos inflar o ego dele dizendo que o dele era melhor e nem menosprezar o trabalho que ele havia feito com tanto capricho enaltecendo o do amigo. Por fim, a opção foi dizer que os dois estavam diferentes e cada um bonito à sua própria maneira, elogiando o trabalho dos dois.

Quem pegou mais borboletas? Na brincadeira de férias promovida pelo Plaza Casa Forte, Luca e a amiguinha Ceci receberam elogios pelo ótimo trabalho em equipe.

“Cada criança tem uma habilidade que a outra não tem. Ensinar valores como a colaboração ao invés da competição, que beleza não é tudo, entre outros, exige trabalho constante ao longo do desenvolvimento e, principalmente, que a criança possa observar esses valores se espelhando no comportamento dos adultos à sua volta”, complementa Gisela Monteiro.

Educar: um trabalho permanente

A psicoterapeuta reitera ainda que o desenvolvimento humano é influenciado também por hereditariedade, personalidade e cultura: “Os pais têm papel fundamental para oferecer boas condições para o florescimento do indivíduo, mas nada garante que isso acontecerá exatamente como desejam. É igualmente importante que reconheçam que o filho é uma pessoa diferente deles, com habilidades e desejos próprios. O maior objetivo deve ser preparar a criança pra um futuro com autonomia e independência, preservando valores de boa convivência e respeito humano”, finaliza.

Por aqui seguimos sempre aprendendo nessa incrível arte de educar. E vocês, como lidam com a questão dos elogios e o que fazem para não promover uma competição desnecessária entre as crianças?

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