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8 coisas que você nunca deve dizer a um blogueiro

Em 5 anos de blog já li muitas pérolas em mensagens que chegam na minha caixa de e-mail, algumas com umas perguntas que são até meio bobinhas, mas é nítido que é por pura ingenuidade da pessoa ou falta de conhecimento do meio. Na medida do possível, tento ajudar com dicas sobre a nossa querida e amada blogosfera ou com algum exemplo de algo que faço e dá certo. Outras mensagens batem na caixa e meu sexto sentido apita. Sai de perto! Sinto logo quando tem gente querendo tirar alguma vantagem. Para essas mensagens sigo um desses três caminhos: 1) ignoro o e-mail; 2) respondo dando um fora; 3) respondo tentando educar. Infelizmente não existe, mas deveria existir um manual ou uma política de conduta ensinando coisas que você nunca deve dizer a um blogueiro.

Agora que você já sabe que eu não sou a Madre Tereza da Blogosfera, compilei aqui alguns comentários que nunca devem ser ditos para criadores de conteúdo. E antes que você pense que é frescura minha porque eu estou na TPM ou porque Zeca Não Chamou pra Sair, aviso logo que não é uma opinião apenas minha. Se duvida, basta conversar com outros influenciadores. Ou melhor, fale alguma dessas frases e observe a reação.

+ Assessorias e influenciadores: como manter um relacionamento de sucesso
+ O que me irrita nos blogs {e na blogosfera}

Você pode remover a sinalização de publicidade do post?

Existe uma coisa chamada ética. Alguns tem e outros não. A regra geral é simples: se o post é pago, tem que ser sinalizado através de tag, de menção no texto ou de imagem. As empresas sabem disso, mas algumas insistem em dar uma de doida e pedir para o blogueiro tirar a sinalização. Para quem pensa só na grana, tudo certo; para quem tem consciência, ética e transparência com o leitor, essa é uma das situações mais chatas que podem acontecer no meio. Recentemente, Nayara Leandro, blogueira do Chat Feminino, passou por um cenário semelhante com um cliente pedindo para excluir a sinalização de publicidade de um post. Nary bateu o pé e não removeu. Acabou fechando a porta para uma negociação futura com o cliente. “O chato é que tem muita gente que não sinaliza e está aí ganhando dinheiro. É difícil ser ético!”, desabafa.

Me passa seu mailing para eu pedir press kit para as empresas

2015 e ainda tem gente que cria blog para ganhar brinde. E pior: tem empresa que cai no conto do vigário e se contenta em ter um post mal feito em um blog qualquer do que investir em ações de marketing eficazes com veículos cujos conteúdos se encaixam no perfil da companhia. Voltando para o tópico, os novos blogueiros estão cada vez mais preguiçosos, e ao invés de empregar algum tempo no relacionamento com as empresas e assessorias, procuram o caminho mais fácil e saem atirando para todos os lados {já falei sobre o assunto em 2012 no post Keep calm and crie um blog}. “Fico extremamente incomodada quando pessoas que não conheço me pedem o contato de assessorias. A impressão que dá é que tenho a obrigação de facilitar o trabalho dessas pessoas, quando eu sempre corri atrás para construir uma rede de relacionamento com as empresas”,  desabafa Daniela Oliva, autora do Beleza F5.  É admissível pedir um contato quando se está escrevendo um post e você precisa de uma informação que só o próprio personagem – através de sua assessoria ou RP – pode responder, mas pedir lista de empresas para que você entre em contato pedindo brindes, jamais!

Criamos conteúdo para você, não é um post comercial, apenas pedimos que coloque nosso link

Fale aqui com a minha mão. Não sou expert em SEO nem em linkbuilding, mas sei quando querem me fazer de trouxa e me mandam publicidade velada disfarçada de oferta ajuda. Existe uma coisa chamada sugestão de pauta, um material informativo enviado pelas assessorias de imprensa sobre determinado cliente/produto/serviço/ação, e cabe ao blogueiro postar ou não em seu blog. Também fica ao critério do escritor alterar o texto e reescrevê-lo em suas próprias palavras, usar ou não fotos enviadas para divulgação, incluir ou não o link fornecido. Esse é um procedimento comum e as assessorias estão aí para divulgar esse material. Mas  empresa que enviam texto pronto pedindo para postar e inserir link, definitivamente não. Diante do pedido de inserção de link, envie seu mídia kit contendo o valor do seu publieditorial.

Aquele outro blog postou sobre isso

Não é só comparação de filhos que é chato, comparação de blogs também. Cada pessoa tem uma abordagem diferente, ainda que os blogs sejam do mesmo segmento, e cada um tem total liberdade para falar o que quer e da maneira que bem aprouver. Ao chegar num salão de beleza você diz ao seu cabeleireiro que um profissional de outro salão faz diferente? Cada um tem sua técnica, não é mesmo? Em blogs é igual. Apenas parem com essas comparações na tentativa de diminuir o blogueiro, se não houver nada construtivo para acrescentar, deixe seus comentários para quando houver algo de bom.

Para ser blogueiro nem precisa estudar

Uma das coisas que a inclusão digital acarretou foi a possibilidade de qualquer pessoa ter a liberdade de criar seu próprio veículo. Nessa onda de novos blogs criados, grande parte pegou aquele gancho de ter um blog para ganhar brinde, e dentro desse grupo encontramos várias características que nos fazem sofrer ao ver um blog mal feito: fotos mal produzidas, erros grotescos de português e falta de eloquência nas informações compartilhadas, apenas para citar algumas. Quem está vendo de fora e desconhece o meio acaba nivelando todos os blogs por esse tipo e solta a pérola de que para ser blogueiro nem precisa estudar. Helena Gomes de Sá, do Garotas Rosa Choque, conta que já ouviu essa crítica de uma pessoa próxima, e confessa que o comentário antes a incomodava, mas não mais. Helena – que é maquiadora formada pelo SENAC, fez Design de Moda no SENAI, é graduada em Turismo e mestre em Direito, área em que atua além do blog – conta que agora leva na esportiva. “Dou risada com esses comentários”, diverte-se.

+ Manual da blogueira famosa
+ Checklist de blogueira famosa

O primeiro post você faz de graça, se tivermos retorno, no próximo pagamos

Situação: você chega num restaurante, após escolher o prato você se vira para o garçom e avisa que não irá pagar. Se gostar do que comer, da próxima vez que vier paga. Se identificou? Claro que não. O estabelecimento está aberto, tem a despesa dos funcionários, tem as horas de trabalho, ninguém vai trabalhar para você consumir de graça. Só porque o seu blog não é um estabelecimento comercial, não significa que você não tenha suas despesas, e, o mais importante fator: tempo dedicado ao trabalho. Se uma empresa sugerir que você faça algo de graça para depois pagar, desconfie. Valores podem ser negociados, mas trabalhar de graça e nessas condições oferecidas, nem pensar. A probabilidade de fazer uma negociação futura com essa empresa é quase nula. Poupe seu tempo e sua dignidade.

Eu ouvi dizer que blogueiro ganha $$$$$ por mês

Talvez o comentário que mais gera tristeza no meio dos blogs. Ganhar muito dinheiro na blogosfera é para poucos, e, não se engane, admitir que mesmo com todo o trabalho e esforço que dedica ao blog, você não está nesse seleto grupo é, no mínimo, frustrante. Pior ainda é saber que seus rendimentos não estão nem perto dessas cifras, e ter o olho inquisidor da sociedade {leia-se família e pessoas próximas} lhe julgando por 1) nunca ter dinheiro, 2) lhe cobrando para arranjar um emprego “de verdade”, 3) achando que você está escondendo o ouro, não ajuda em nada.

Você trabalha com blog? Mas isso não é trabalho de verdade!

Acordar cedo, sentar na frente do computador, pesquisar, escrever, pesquisar mais, produzir fotos, pesquisar mais um pouco. Trabalhar sábados, domingos, feriados e dias santos. Se blogueiro fosse remunerado de forma justa pela carga horária e produtividade, blogger seria uma das profissões mais almejadas do mundo, mas infelizmente não é assim, e muitos blogueiros ainda são vistos como “desocupados” por passarem o dia na frente do computador. Pegando o gancho do tópico anterior, a cultura do mundo digital não é clara para todos, principalmente para quem só faz uso das ferramentas para entrar no Facebook e compartilhar correntes. Essas pessoas – e isso pode incluir nossos familiares – não veem futuro na profissão e ainda nos puxam para baixo. A fisioterapeuta Manu Alves, autora do blog Desejos de Beleza, enfrenta olhares céticos quando o assunto é trabalho, e acaba ouvindo comentários do tipo: “Você está só com o blog agora? Mas isso não é trabalho, se você não se sustenta só com ele, não dá para considerar”. Seu trabalho como fisioterapeuta toma um expediente, o outro é dedicado ao blog, uma carga horária de trabalho “de verdade”. Tanta desvalorização desanima:  “Assessorias que não reconhecem nosso trabalho, blogueiras com menos engajamento fechando grandes ações ou publieditoriais sem se encaixar no perfil da empresa, tudo isso é desanimador. Nesse momento estou com uma grande interrogação no âmbito profissional”, desabafa.

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