“Nesse novo ano eu prometo… Eu prometo emagrecer! Não é uma promessa pro mundo, é pra mim mesma. Nunca fui de ficar encucada com peso, nunca deixei de comer algo que gosto por causa das calorias, mas dessa vez preciso dar uma maneirada. Desde que Luca parou de mamar comecei a engordar novamente, e cheguei num ponto em que eu não estou satisfeita com meu corpo. Sei que não vou ficar com corpinho de modelo, até porque minha estrutura não permite, não vou virar fitness blogger, e sei que esse processo não será do dia pra noite, mas vou me esforçar pra voltar pra minha numeração 40. O tênis foi presente do meu marido, essa semana começo a me exercitar nem que seja subindo e descendo a escada do meu prédio.”
A modinha das dietas e a pressão das redes sociais
O comentário foi feito por mim no Instagram, ilustrado pela foto do tênis que ganhei de Natal do meu marido. A postagem, parte do desafio fotográfico da #blogosferamaisunida do Blog+, tinha como tema Nesse ano novo eu prometo… A quantidade de gente dizendo que a meta para 2015 era emagrecer chocou um pouco Kalli Fonseca, do Beleza Sem Tamanho, e a discussão sobre o assunto resultou na ideia de expormos nossa opinião nessa blogagem coletiva.
O que deixou Kalli impressionada não foi o fato das pessoas quererem emagrecer e buscar uma vida saudável, e sim a necessidade de expor constantemente esse desejo. “A pessoa fala sobre seu desejo/sonho/vontade de emagrecer diariamente, mas incrivelmente quem mais fala são aquelas que pouco emagrecem. Para mim fica a ideia que a pessoa fala disso o tempo todo para se firmar na modinha e mostrar que tenta sempre emagrecer, assim automaticamente evita críticas ao seu corpo”, comentou Kalli em um post em seu blog, o Beleza Sem Tamanho.
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Adoração às “gurus” fitness
Em tempos de santificação e adoração às Puglis e Buffis, a busca pelo corpo perfeito beira a obsessão. Pecador é aquele que não se exercita pelo menos duas horas por dia, pecador é quem não substitui a vitamina do café-da-manhã por um suco detox, é quem não tem o tênis colorido de R$ 700, é você – queime no fogo do inferno, pecador! – que toma uma cervejinha e come um chocolate na TPM. Como se a obsessão pelo corpo ideal não fosse o bastante, a nova modinha é deixar o abdome sarado e definido, uma espécie de aprendiz do fisiculturismo.
Depressão como frequente consequência
Tantas regras pelo dito corpo perfeito podem causar doenças sérias, entre elas a depressão. “O problema dos padrões é que eles são generalizações tendenciosas que desconsideram informações importantes a respeito do indivíduo. E no caso da tentativa de se encaixar em um padrão, essas diferenças podem ser o maior obstáculo para o “sucesso”, como as sucessivas tentativas frustradas de se adequar a essa “ditadura” com as dietas milagrosas, plásticas ou excesso de atividade física. Tudo isso pode acabar gerando uma frustração crônica, levando à quadros de ansiedade e depressão. Além disso, pode favorecer o desenvolvimento de transtornos alimentares como anorexia, bulimia e compulsão alimentar”, ressalta Valeska Pereira, psicóloga clínica, terapeuta cognitivo comportamental e mestre em saúde mental pelo IPUB/UFRJ.
Mas, afinal de contas, o que é o corpo perfeito que tanto se busca através dessa modinha fitness? Temos padrões físicos diferentes, nossa genética é diferente. Dentro do biotipo de cada um é possível buscar o corpo ideal, mas o seu ideal será diferente do da sua amiga e da mocinha do Instagram. A busca deve ser pela saúde, e não por regras ditadas pelas celebridades e gurus de redes sociais.
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Leia mais sobre o assunto:
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- Por que você faz dieta? – Blog da Priscilla
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O “fazer dieta” tornou-se um “cala a boca” para a sociedade, como se as pessoas precisassem dar satisfação sobre seus corpos por aí. Exceto quando a pessoa realmente quer emagrecer por um propósito e você obstinação, o restante das dietas (principalmente aquelas de revistas) é tudo para dar satisfação, fazer você se encaixar em um padrão de perfeição que não existe. Espero muito que um dia a galera desencane…doenças estão sendo causadas por causa da alimentação radical, forçada…
bjs
Pri, não acho o cenário tão positivo no quesito desencanar, mas a esperança é o que nos resta.
Bjosss
Penso que aquele papo de sempre (mas que quase ninguém internaliza) de aprender a gostar do próprio corpo tem muito a ver com isso. Gostar de si passa muito por manter metas reais, com hábitos reais, para um corpo real. A gente passa muito tempo imaginando um mundo ideal e acaba se frustrando com a realidade.
Eis um outro problema, Bia: aceitar o SEU ideal e correr atrás das mudanças possíveis tendo esse ideal como referência. O que acontece é que o ideal que as pessoas querem pra si é aquele que é o ideal de outras pessoas, e como vc mesma disse, acabam se frustrando com a realidade.