De repente toda a ansiedade e as emoções de 39 semanas de gestação pareciam ter se transformado em um curta-metragem, todas as cenas passando pela minha cabeça em fast motion, o coração batendo descompassado. “Daqui a 3 minutos o seu bebê estará aqui”, comentou carinhosamente Dr. Renato Cabral, o anestesista que me assistiu durante o parto. Três minutos nunca se passaram tão rápido… ou tão devagar. Não tenho ideia se três minutos foram apenas três segundos ou três horas, porque o tempo naquele momento simplesmente não existia, parecia voar e durar uma eternidade. Tudo ao mesmo tempo. Ah, esse tempo!
“O seu bebê está aqui. Consegue vê-lo?”, alguém, que nem sei se foi homem ou mulher, me perguntou. “Não! Esse pano está na minha frente”, lembro de dizer por entre lágrimas de frustração por não conseguir ainda ver o meu bebê, já tão celebrado pela equipe médica. “Sim, ele é lindo!”, dizia meu marido com a voz embargada, meio que para ele mesmo, meio para mim, dopado pela felicidade de ver Luca pela primeira vez e sem pensar que eu estava ali imóvel, anestesiada, rasgada e com um pano na minha frente que não permitia que eu visse meu príncipe.
E então ele veio para os meus braços. Com a visão embaçada pelas lágrimas que ainda insistiam em descer, dessa vez de pura alegria, eu vi Luca pela primeira vez. Meu Deus, como era lindo! Mesmo “sujinho” com o vernix e o sangue que o envolviam, não pude me conter e comecei a enchê-lo de beijos, enquanto mentalmente agradecia a Deus e a Nossa Senhora por esse milagre que acabava de chegar, e pedia-Lhes que enchesse aquele ser de muita saúde, paz, amor e abençoasse sua vida.
Não lembro se lhe dei as boas vindas, se despejei declarações de amor, ou se disse simplesmente um oi, mas lembro de ter proferido algumas palavras alheias à minha turva recordação e do meu marido dizendo que Luca estava reconhecendo a minha voz e acompanhando a minha direção com o olhar. Mais uma emoção que não dá para explicar. Meu bebê estava ali comigo, ele sabia quem eu era. Meu bebê! Oi Luquinha, eu sou mamãe, e você é o amor da minha vida!
E foi em meio a muitas emoções que o Oxente Baby chegou ao mundo no dia 1º de novembro de 2013, pelas mãos de um anjo na terra chamado Dra. Sônia Cristina Hinrichsen, abençoado por todos os santos, às 13:03. E eu? Em meio ao turbilhão de sentimentos que a maternidade traz – às vezes um tanto desconexos – e à maratona que é ser mãe de primeira viagem, me sinto a pessoa mais feliz do mundo por ter o principezinho aqui comigo. Eu queria poder descrever com mais eloquência tudo o que tenho sentido nessas últimas semanas, queria traduzir com clareza o significado de amor, mas a única palavra que me vem à cabeça é Luca. Amor. Luca.
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