Por Luíza Antunes.
Já estive em uns 20 países do mundo. Por isso, posso afirmar com categoria que a Índia é o lugar mais atrativo para perrengues que você pode conhecer. Eu morei na Índia por 6 meses, viajei o país de norte a sul e vi e vivi coisas que a maioria das pessoas sequer imagina. A Índia tem lugares incríveis! Não só o Taj Mahal, mas também alguns dos fortes e templos mais bonitos e impressionantes do mundo, combinados com uma cultura milenar que é, no mínimo, interessante.
Em contraponto a essas paisagens incríveis, é um país de 1 bilhão e 300 milhões de pessoas, muito barulhento, sujo e confuso. Para completar isso, eles ainda consideram vários bichos sagrados. Não, não só as vacas, mas também ratos e macacos, por exemplo. Não bastando, com a coisa do karma nas vidas seguintes, matar bichos, como baratas, não é bom para eles – afinal, aquela barata que você está matando pode ser o seu tio-avô reencarnado.
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Luíza, a Índia e as baratas
Em diversas situações tive que aprender a lidar com esses bichos, dentro de um ônibus de viagem, por exemplo. De repente, seu amigo bate na sua perna discretamente. Você pergunta: “O que foi?”, e ele tenta despistar: “Não, nada”. Pouco tempo depois ele bate no ombro da namorada, da mesma forma. E então, você olha para a “parede” do ônibus e vê várias baratinhas caminhando por ali tranquilamente enquanto o veículo seguia seu caminho.
Eu tinha duas opções: 1. Gritar por minha vida, fazer um escândalo e parar o ônibus dando chilique; 2. Passar a espantar as baratas eu mesma. Como eu vivia na Índia há algum tempo quando ocorreu o fato, eu já sabia que o chilique não ia dar em nada. Por isso, a segunda opção foi a escolhida e acabou se tornando frequência na minha vida. A gente até fez um jogo disso. O nome do jogo era “Bad Karma” e consistia em matar as baratas em sequências pares. Mais ou menos assim, cada vez que matava uma barata a pessoa tinha que gritar: “bad kaaaarma”. Se você matasse um número ímpar de baratas, seu karma ficava negativo para a próxima encarnação. Já um número par, karma positivo. Era uma ótima maneira de passar o tempo. Talvez o resto do pessoal nas poltronas vizinhas não achasse, mas fazer o quê?
Uma relação nada tranquila
Já com os ratos minha relação não foi tão tranquila. Acontece que bichos que mordem são bem mais assustadores do que aqueles que morrem com uma pisada. Certa vez um rato apareceu no hotel. E ele não escolheu uma hora qualquer para aparecer. Foi dentro do banheiro, com só nós dois trancados lá. Nesse caso, eu mantive a minha dignidade: gritei feito uma louca e subi na privada como forma de salvação.
Como a salvação não veio e o rato resolveu voltar para seu lugar de origem, a privada, eu tive que saltar de lá num duplo twist carpado, correr pela minha vida até a porta e trancar o rato sozinho lá dentro. Com ajuda dos meus companheiros de viagem e depois de muita insistência com o pessoal do hotel, espantamos o rato. Desde que o caso ocorreu, aprendemos a, sabiamente, manter a porta do banheiro sempre fechada e sempre bater antes de entrar. Assim o sr. Rato sabe que vem vindo alguém e tem tempo de se esconder para não cruzar com você.
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Mente aberta (e coragem) na hora de viajar!
Sinceramente, não quero desencorajar ninguém a viajar para a Índia por causa disso. Minha viagem era muito econômica e como vivi lá por muitos meses acabei tendo que passar mais por essas situações do que um turista tem. Mas tenha em mente que seja em Paris ou Nova Délhi, ratos e baratos existem e podem vir a te assombrar nas situações menos esperadas.
Você não teve nenhuma experiência com baratas na Índia, mas já passou por algum outro tipo de perrengue em viagens? Participe da tag Roubadas de Viagem.