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Lojas de luxo: acesso para todos

“Não é para o meu bico”, “Até para pisar na calçada paga”, “Nunca vou entrar lá”. Se você nunca falou uma dessas frases se referindo à uma loja muito chique, ou nunca ouviu alguém do seu círculo de amigos falar: (a) você é surdo; (b) você é muito rico e só convive com gente muito rica; (c) você não é desse mundo; ou (d) você está mentindo.

Recentemente o Oxente Menina fez uma pesquisa informal com leitoras do blog e twitteiras, de diversas idade, questionando o sentimento dessas pessoas em relação às chamadas lojas de luxo. Surpreendentemente, a maioria nunca sequer tinha entrado em um desses estabelecimentos. Os motivos principais? Medo de serem julgadas por causa da aparência pelos vendedores, receio de serem mal atendidas, e achar que nenhuma peça da loja pudesse ser acessível o bastante para o bolso delas.

Com essa situação em mente, convidei quatro leitoras para visitarem algumas lojas chiques de Recife e fazer o teste na prática. A proposta era apenas a visita e ninguém precisava comprar nada, apenas conhecer os estabelecimentos e verificar os preços das mercadorias. Uma forma de tentar desmitificar o inacessível.

Só para quem é da high society

O fato é que o receio de entrar nessas lojas existe, sim, especialmente se frequentar esse tipo de estabelecimento não faz parte da sua rotina de compras. Mas engana-se quem pensa que apenas as classes mais abastadas podem se dar ao luxo de entrar nestas lojas (e comprar!), como pode comprovar Catarina Imbelloni: “Quando eu passava na frente dessas lojas já pensava: ‘Ui, que medo! Nunca vou entrar aí.’, e na visita pude ver que realmente existem peças bem caras, mas existem outras igualmente bonitas que cabem no meu bolso.”

Na opinião das leitoras, a Valentina foi a loja com as peças mais voltadas para um público jovem.

Estão me olhando feio…

Sempre existirão vendedores que o olharão dos pés a cabeça e farão aquela cara de tédio no momento em que você entra na loja. “Me sinto mal quando entro em um estabelecimento e os funcionários me olham como se estivessem me ‘medindo’, com uma expressão de ‘você não pode comprar aqui, vai mesmo entrar?'”, conta Simone Bispo. Mas isso não é uma exclusividade das lojas chiques. É bem possível se deparar com uma pessoa assim até mesmo em lojas populares. Não se intimide! Na dúvida, ofereça a barrinha de cereal que você carrega na bolsa, porque cara feia geralmente é fome…

Vale o preço que se paga?

Essa é uma questão delicada e relativa. O preço que se paga por um produto pode ser considerado mixaria para alguns e os ‘olhos da cara’ para outros. O que é comum acontecer é pagar o preço por uma marca, e não por um produto. Na opinião de Catarina Imbelloni, por exemplo, que ansiava por conhecer as peças de uma determinada – e famosa – marca, o sentimento foi de decepção: “Achei tudo muito ‘malhinha básica’. Pagamos mais pelo nome e pelo glamour que envolve a marca do que pelo produto em si”, confidencia.

Produtos na Musa a preços de shoppings

Em alguns produtos se paga o preço da exclusividade. São peças produzidas em quantidades mínimas, às vezes feitas à mão ou com detalhes minuciosos que, se não justificam, pelo menos explicam o alto valor. Em outros casos, a peça é simplesmente… cara! Marina Lisboa é enfática ao dar a sua opinião: “Jamais pagaria R$ 1.300 em um vestido bandage, mesmo que tivesse bastante dinheiro para adquiri-lo. Encontro um parecido, ou até igual, por um valor mais em conta”, justifica.

O preço do glamour: produtos acessíveis na Dona Santa

“Qualquer produto por R$ 9,99”

Que uma coisa fique bem clara: a proposta das lojas de luxo não é entrar na concorrência de preços mais baixos! Se este segmento de mercado existe, é porque há um público específico para consumi-lo, e ele vai muito bem, obrigada.

Isso não significa, no entanto, que a partir de agora as lojas de luxo precisem afixar um cartaz em suas portas com os dizeres “Só aceitamos novos clientes que apresentem seus contra-cheques”.

O público alvo das lojas de luxo são, obviamente, os consumidores de maior poder aquisitivo, porém os clientes mais modestos são igualmente bem vindos nas lojas. Os vendedores e gerentes entendem (ou pelo menos deveriam entender) que os seus clientes de maior potencial podem, por exemplo, viajar para o exterior para fazer compras, enquanto o consumidor mais modesto pode até gastar menos dinheiro, mas visita a loja com uma periodicidade maior.

Em todo caso, o bom atendimento é fundamental. Priscila Brasil faz questão de enfatizar a atenção dedicada: “Em uma das lojas fomos tão bem atendidas pela gerente da loja, que ficou claro que éramos bem vindas ali. Nessa faço questão de voltar e gastar. Em outra, a sensação que tive foi a de que estava sendo bem atendida simplesmente porque estava participando de uma pauta pro blog. Dificilmente voltarei lá.”.

Para o público, fica a prova de que não precisa ter receio em visitar lojas caras, sempre há peças que cabem no bolso, inclusive na faixa do que se compra em lojas de shopping. Para as lojas, fica a dica de que o bom atendimento não pode fazer distinção, afinal o cliente classe média de hoje, pode ser o novo rico de amanhã.

Abaixo a opinião geral das leitoras investigativas, que se disponibilizaram a me ajudar a fazer este post {obrigada, meninas!}.  Meus agradecimentos também às lojas Musa, Valentina e Dona Santa, que nos ajudaram a buscar as ótimas peças com precinhos acessíveis que ilustram o post desse blog.

 

 

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